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Bolsonaro muda tom, chama Pablo Marçal de mentiroso e reitera apoio a Nunes

Depois da crise entre o bolsonarismo e Ricardo Nunes (MDB), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou à CNN que o candidato Pablo Marçal (PRTB) é mentiroso e deu uma série de declarações em que se realinha com a campanha emedebista e reitera o apoio à reeleição do prefeito.

No sábado (17), Bolsonaro afirmou à CNN que é mentira a declaração de Marçal de que nunca foi pedir apoio ao ex-presidente. Em junho, os dois estiveram juntos em Brasília, mas o influenciador deixou o encontro afirmando que não chegou a pedir apoio, apenas conselhos —versão que o ex-presidente rebateu.

Também no fim de semana, segundo a colunista Raquel Landim, do UOL, Bolsonaro enviou um vídeo a sua lista de transmissão no WhatsApp em que critica Marçal.

“Certas coisas você não precisa experimentar para saber que é um produto estragado. Meu candidato em São Paulo é Ricardo Nunes”, diz a mensagem. Ele também compartilhou um vídeo em que Marçal afirma que Bolsonaro e Lula (PT) são “farinha do mesmo saco”.

Nesta segunda-feira (19), o candidato a vice de Nunes, Ricardo Mello Araújo (PL), que foi indicado por Bolsonaro para a chapa, publicou um vídeo em suas redes sociais em que o ex-presidente também declara apoio a Nunes “para que não haja dúvida”.

“Sou do partido liberal, 22, em todo o Brasil. Temos algumas coligações em algumas cidades, como São Paulo. Estamos coligados com o MDB. Nós vamos apoiar Ricardo Nunes para a reeleição. Para que não haja dúvida. Nosso vice é o coronel Mello Araújo, 22. Aos amigos de São Paulo, eu peço, para o bem da cidade, para o bem de todos nós, que reeleja Ricardo Nunes”, diz o ex-presidente.

As declarações marcam uma mudança de tom do ex-presidente, que havia elogiado Marçal na quinta-feira (15) e deixado explícita a sua contrariedade com Nunes, apesar do compromisso partidário de apoiá-lo.

Em entrevista à Rádio 96 FM, de Natal, Bolsonaro havia elogiado o que chamou de “figura nova do Pablo Marçal”. “Fala muito bem, uma pessoa inteligente, tem suas virtudes. Não tem experiência, mas faz parte.”

Ele disse ainda que Nunes não é seu “candidato dos sonhos”, mas que assumiu o compromisso de ajudá-lo.

Nesta segunda-feira, durante a sabatina da CNN, Nunes usou as declarações recentes de Bolsonaro para afastá-lo de Marçal, a quem criticou. Questionado sobre o elogio do ex-presidente ao influenciador, lembrou que Marçal também foi chamado de “produto estragado” por Bolsonaro.

“Acho que é isso, uma pessoa que vive de rede social, com um monte de problema no seu histórico de vida. […] Não dá para ter esse M de mentira. É algo muito sério governar uma cidade maior que muitos países”, disse Nunes.

Sobre não ser o candidato dos sonhos, Nunes voltou a dizer que não vive de sonho, mas de realidade. “O que tem de realidade é que Bolsonaro e Tarcísio [de Freitas] me apoiam. Melhor o candidato aí, o M da mentira, aceitar que vai doer menos, que ele não tem o apoio deles.”

Nunes disse ainda que Bolsonaro “com certeza” estará no seu programa de TV se ele puder fazer as gravações.

Como mostrou a Folha, a campanha de Nunes passou a agir para reaproximar o ex-presidente, ação que contou com o apoio de Mello Araújo.

Na sexta-feira (16), Nunes afirmou que seu candidato a vice e ele próprio haviam entrado em contato com os Bolsonaros e que a questão estava resolvida.

“Achei estranho ele [Bolsonaro] falar bem de alguém [Marçal] que falou mal dele e do filho dele, mas fora isso está tudo tranquilo, o coronel Mello esteve com ele, esteve com o Eduardo [Bolsonaro], falei com a Michelle [Bolsonaro]”, disse Nunes.

“A gente está unido. Às vezes dá um ruidinho aqui, outro ali, por [questão de] interpretação. O que ele nos disse é que foi mal-interpretado e que ele é 100% com a gente. Isso é palavra do presidente Bolsonaro”, completou.

Auxiliares do prefeito têm conversado com a família Bolsonaro para tentar baixar a temperatura. A ideia é trazer o ex-presidente para agendas de rua com Nunes. Até agora, Bolsonaro não teve protagonismo na campanha do MDB —apareceu como um apoiador em uma frente de 12 partidos.

Há pressão para que Nunes embarque de vez na agenda ideológica bolsonarista e parta para o embate com Guilherme Boulos (PSOL), frentes que Marçal tem dominado.

A crise teve início a partir da insatisfação do bolsonarismo com um vídeo do prefeito em apoio a Joice Hasselmann (Podemos) como candidata a vereadora —eleita em 2018 na onda bolsonarista, ela rompeu com o grupo e é considerada traidora.

“É inacreditável como Nunes cava a própria sepultura. Como pode apoiar a maior traidora do bolsonarismo? Ele tem o apoio do PL, mas erra nos acenos, nesta coisa de se mostrar ao centro. É nesse vácuo que o Pablo Marçal tem crescido, por se alinhar com o eleitorado fiel aos nossos valores. Falta diálogo conosco. […] Quero ver o Nunes falando contra o aborto, contra a ideologia de gênero e sobre as perseguições que sofremos pelo Br asil”, afirmou Eduardo Bolsonaro ao Globo na quarta (14).

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