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Atentado contra Trump aumenta incerteza nos mercados financeiros e pode afetar câmbio a partir de hoje

Eles concordam que o episódio aumenta a precificação de ativos na direção de maior chance de vitória de Trump na corrida à Casa Branca neste ano e apontam possíveis impactos no câmbio e nos juros, mas pontuam que é preciso acompanhar os próximos dias para avaliar a intensidade da reação dos investidores ao episódio na maior economia do mundo.

Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central (BC) e atualmente professor da Georgetown University, nos Estados Unidos, lembra que o atentado reforça uma tendência que já estava sendo precificada pelo mercado com o crescimento de Trump nas pesquisas para a presidência dos EUA, como a alta do dólar e aumento do juro de longo prazo em relação ao juro de curto prazo.

— Alta do dólar e dos juros não é bom (para o Brasil). Temos que esperar a abertura dos mercados para ver a extensão dos movimentos, mas acredito que devem ser relativamente discretos.

Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central — Foto: Agência O Globo
Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central — Foto: Agência O Globo

Ontem, um dia após o atentado, o Bitcoin subiu acima de US$ 60 mil, o Bitcoin subiu acima de US$ 60 mil, influenciado pela visão dos investidores de uma tendência de Trump — visto como pró-critpoativos — ganhar mais força na corrida eleitoral. De acordo com a casa de apostas Polymarket, a probabilidade de o ex-presidente voltar à Casa Branca aumentou 10 pontos percentuais, de 60% para 70%.

Também houve avanço no volume de contratos digitais que apostam na vitória de Trump, segundo o site Predict.org. Para ele, o avanço da cotação do Bitcoin reflete uma perspectiva de que o atentado pode ajudar na candidatura de Trump.

— A cotação do Bitcoin subiu porque o atentado o ajuda na corrida eleitoral. Trump estava cotado para falar no Bitcoin 2024, em Nashville (entre os dias 25 e 27 de julho). Ele apoia as criptomoedas. E Joe Biden é contra. Mas vamos ter que esperar e ver se há efeito sobre as pesquisas. Nesta segunda-feira teremos o início da convenção (do partido Republicano) e a escolha do vice de Trump — diz Volpon.

‘Mercados não gostam de incerteza’

Monica de Bolle, pesquisadora da Universidade Johns Hopkins e do Peterson Institute, ambos em Washington (EUA), diz que o atentado apenas adiciona incerteza a um quadro já demasiado complexo.

— E mercados não gostam de incerteza.

A economista Monica de Bolle — Foto: Alicia Vera / Bloomberg
A economista Monica de Bolle — Foto: Alicia Vera / Bloomberg

Monica lembra que os Estados Unidos têm um histórico político marcado pela violência:

— Não dá para saber o impacto, sobretudo com a candidatura democrata ainda indefinida a despeito do que diz Biden. Creio que o episódio reforçará a necessidade de unificar o partido em torno de um candidato apto a governar ao longo dos próximos quatro anos.

Para o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Cleveland Prates, o atentado cria uma percepção maior de risco entre os investidores. Para ele, poderá haver reflexos a médio e longo prazos com o aumento das expectativas em torno de uma possível vitória de Trump.

— Com esse atentado, as chances de Trump vencer a eleição aumentam. E isso eleva o risco global por conta da imprevisibilidade das decisões dele, impactando o dólar, os juros e as Bolsas. É o risco Trump, que pode gerar mais instabilidade.

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