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Apagão e prejuízos pressionam Nunes antes de primeiro debate do 2º turno

O primeiro debate do segundo turno entre Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos a prefeito de São Paulo, acontece em meio ao apagão da capital paulista, que atingiu ao menos 2,1 milhões de clientes da Enel desde sexta-feira (11) e gerou discussão eleitoral.

O encontro terá transmissão da Bandeirantes na noite desta segunda (14), a partir das 22h45. Caso um dos candidatos não participe, uma cadeira vazia ficará à mostra e quem estiver presente vai ser entrevistado ao vivo.

A expectativa é que o embate seja permeado por críticas de Boulos sobre a falta de energia na capital paulista. Nunes deve se defender citando ações que vêm sendo adotadas para contornar o estrago do temporal, além de dizer que a concessão da empresa é federal.

Boulos afirmou durante evento neste domingo (13) que deve levar o tema tanto no debate quanto ao longo de sua campanha. A crise elétrica deve se somar a outras polêmicas do adversário que o psolista vem relembrando ao longo da disputa, como o boletim de ocorrência feito por sua mulher, Regina Nunes, em 2011.

“São Paulo, hoje, não tem prefeito, a cidade está à própria sorte, as pessoas estão deixadas ao léu pela falta de alguém que tenha pulso, alguém que tenha firmeza, alguém que se posicione ao lado das pessoas que mais precisam. Esse vai ser um tema não só no debate, mas na campanha”, afirmou o psolista antes do início de uma carreata que ocorreu no Grajaú, zona sul de São Paulo.

Boulos chamou a Enel, responsável pelo fornecimento de energia da cidade, de “tranqueira” e disse que quem pode romper o contrato com a empresa é a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Ele relembrou que o atual presidente da agência é Sandoval de Araújo Feitosa Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Ele [Sandoval] foi indicado, assim como o [Roberto] Campos Neto, no Banco Central. O Lula não pode tirar. Já que o Nunes é apoiado pelo Bolsonaro, já que o Tarcísio [de Freitas] é amigo do Bolsonaro, fala para eles pedirem para os amigos deles cancelarem o contrato da Enel. A nossa parte a gente fez”, disse o candidato.

O deputado federal mandou um ofício no sábado (12) para o presidente da Aneel solicitando a rescisão do contrato com a Enel. No mesmo dia, acionou o Ministério Público de São Paulo e pediu investigação pelo apagão.

A temperatura da disputa vem esquentando nos últimos dias. No sábado, os candidatos divulgaram notas à imprensa, cada um criticando a postura do outro. A campanha de Boulos atacou a gestão do emedebista dizendo que ele, mais uma vez, “reforça sua omissão” e que, diante de um problema que impacta milhões de pessoas, “foge às suas responsabilidades”.

Desde sábado, Boulos tem conversado e gravado com pessoas afetadas pela chuva. Sua campanha calcula que Nunes tenha perdido popularidade com o temporal.

Nunes, por sua vez, tem afirmado que Boulos politiza um desastre ambiental. Em nota, a campanha do atual prefeito afirma que o psolista “é um oportunista profissional, que gosta de falar muito e fazer pouco”. Também afirma que quase cem cidades foram atingidas pelos ventos recordes.

“A falta de luz afeta seis municípios da Grande São Paulo. Boulos sabe disso. Enquanto o deputado só reclama, o prefeito Ricardo Nunes trabalha. Enquanto Boulos tenta de maneira insensível e oportunista lucrar com a tragédia, o prefeito cobra a Enel junto ao governo federal”, disse nota do emedebista.

A campanha diz ainda que Nunes pediu a rescisão do contrato com a empresa há meses e ataca Boulos e o governo federal, afirmando que não fazem nada “e ainda falam em renovar a concessão”.

A crise em São Paulo também motivou críticas de integrantes do governo do presidente Lula, principal cabo eleitoral de Boulos na cidade. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), compartilhou nas redes imagem que dizia “caos em São Paulo: sem luz e sem prefeito”, acompanhada da hashtag “CulpaÉdoNunes”.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, chamou a situação de “descaso da prefeitura” e questionou “a falta de ação do prefeito”.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), bateu boca com o emedebista em rede social e disse: “As árvores de SP que caíram em cima das redes de energia também são de responsabilidade do governo federal?”.

Nunes desmarcou agendas no sábado, visitou ruas atingidas pelo temporal e não teve compromissos públicos neste domingo.

O debate desta segunda-feira deve ser o primeiro com a participação dos dois candidatos no segundo turno, mas é o segundo que foi marcado. Na última quinta (10), Nunes não compareceu no encontro promovido pelo grupo Globo. Sua campanha argumentou que o prefeito recebeu convite para 12 debates com o adversário, o que considerou um exagero.

Por isso, sugeriu um pool entre veículos de comunicação, reduzindo para três a quantidade de eventos. Diante da ausência de Nunes na quinta, Boulos o chamou de “fujão”.

Para o deputado do PSOL, que aparece atrás de Nunes nas pesquisas de intenção de voto, o debate é uma oportunidade de exposição e, no caso de ausência do prefeito, ele pode ser beneficiado se os veículos realizarem uma sabatina.

O segundo turno também é marcado por intensa troca de acusações entre os candidatos sobre outros temas. Em inserção na TV, Nunes divulgou vídeo afirmando que Boulos foi o candidato que mais venceu em presídios. O psolista entrou na Justiça Eleitoral para tentar derrubar a propaganda e solicitar direito de resposta, mas o pedido foi rejeitado.

O juiz Murillo d’Avila Vianna Cotrim considerou que “não há imputação direta ou vinculação imediata do candidato autor com o crime, limitando-se a veiculação a trazer informação sobre a votação nas seções eleitorais instaladas em centros de detenção provisória e unidades da Fundação Casa”.

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