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Âncora de jornal argentino choca espectadores ao revelar ao vivo ter sofrido abuso sexual do pai e do tio. VEJA O VÍDEO

Na última quarta-feira (17), os telespectadores do programa “De 12 a 14”, da emissora Eltres TV, transmitido na região de Rosário, na Argentina, foram surpreendidos com o relato do âncora Juan Pedro Aleart, que decidiu revelar que ele e os irmãos foram abusados sexualmente pelo próprio pai e um tio durante a infância.

A história do jornalista logo se espalhou pelo país. 

Juan dedicou quase 27 minutos da transmissão para contar sua história. O caso repercutiu e o apresentador foi procurado por outros canais para dar entrevista. Ele começou dizendo que esperava ajudar outras pessoas com o relato: “Vocês me conhecem, trabalho na mídia há 18 anos. Contei muitas histórias e é a primeira vez que vou contar a minha própria história de vida. Tenho um desejo profundo de, através do que aconteceu comigo, ajudar muitas pessoas que estão passando por momentos difíceis e que estão passando ou passaram por uma situação semelhante à minha”

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Segundo o apresentador, o pai, portador do vírus HIV, violentou sexualmente sua irmã a partir dos três anos da criança. “No ano passado, denunciei meu pai por violência doméstica. Meu pai tem sido violento em todas as suas formas: física, psicológica e emocional. Ele aterrorizou todos os membros da minha família, inclusive eu. Meu pai, além de violento, abusou sexualmente da minha irmã desde os três anos de idade, sendo HIV positivo“, afirmou.

Embora a irmã não tenha contraído o vírus HIV, ela desenvolveu diversos problemas de saúde, segundo Juan. “Ataques de pânico, insônia, queda de cabelo, perda de peso. E eu sei que em diversas ocasiões ela pensou em tirar a própria vida, em decorrência de tudo que meu pai fez com ela“, contou. 

De acordo com Juan, a mãe foi “vítima e cúmplice” dos abusos praticados pelo marido contra as crianças. Quando lhe contaram sobre o abuso da filha, a mulher teria classificado a menina como “exagerada e louca”.

O jornalista denunciou em tribunal o tio, em 2022, e o pai, há algumas semanas, pelo crime de abuso sexual qualificado contra a irmã. Quando o pai de Juan foi notificado da denúncia, tirou a própria vida.

Meu pai foi notificado da queixa criminal há três semanas. Não querendo enfrentar tudo o que fez, a atrocidade, a barbárie que cometeu, ele decidiu tirar a sua vida. Decidiu suicidar-se”, afirmou. “Descobrir isso foi uma notícia muito chocante, profundamente triste. Mas meu pai tomou essa decisão desde o momento em que decidiu abusar da própria filha“, lamentou ele. 

Ele então enviou uma mensagem diretamente para a irmã: “E é com minha irmã que eu quero falar agora. Quero te dizer, Sofi, que o filme de terror acabou. Que o monstro decidiu ir embora para sempre e nunca mais te machucar“. “O que falta agora é você construir a sua vida. A vida pela qual você lutou tanto e que tanto merece, com liberdade. Você é livre. Vamos voar, Sofi, vamos voar“, acrescentou. 

Depois de contar publicamente sobre os abusos contra a irmã, Aleart continuou com mais revelações. Ele confessou que também foi vítima de abuso. “Enquanto tudo isso acontecia na minha casa, com um pai violento e abusivo, uma mãe que era vítima e cúmplice, uma casa onde se naturalizaram o abuso e a violência, um tio em quem confiava, que cumpriu em muitas situações o papel de pai comigo, aproveitou-se do contexto de extrema vulnerabilidade em que me encontrava e abusou sexualmente de mim e do meu irmão a partir dos seis anos. Denunciei tudo, mas numa casa como essa meus pais não fizeram nada“, declarou.

Aleart denunciou o tio em 2022. “Para mim, fazer a denúncia foi muito difícil. Decidi fazer, mesmo sendo uma figura pública, mas consegui. Há meses que estou, conscientemente, numa fase profunda de depressão. Vir aqui tem sido muito difícil, trabalhar com o noticiário com tudo isso dentro de mim”, desabafou.

O jornalista explicou o motivo para expor seu caso na TV: “É por isso que eu quis começar o programa contando a vocês, não aguentava mais. Eu vinha aqui para trabalhar no carro chorando. Estava em uma crise de angústia profunda. Perdi o sentido da vida. Nessas condições, poderia ter perdido tudo: meu emprego, o amor da minha vida. Isso afetou seriamente minha vida íntima“. 

Perguntado pelo “La Nación” a respeito do que o levou a decidir contar tudo o que ele e os irmãos passaram na infância, Juan explicou:

“Foi um processo bastante longo e difícil. Primeiro, foi muito complexo conscientizar, assimilar e aceitar o abuso. Depois foi muito difícil apresentar uma queixa-crime, porque em Rosário sou uma figura pública e o que vão dizer desempenha aí um papel”, afirmou.

“Depois, vivi o processo judicial onde houve muitas injustiças e depois o fato de o crime ter prescrito…tudo foi se acumulando até chegar a hora de dizer: ‘Estou tornando isso público’. E quando tomei a decisão pessoal e interna, meu pai suicidou-se e eu disse: ‘Bom. Pronto.’ Eu estava viajando e disse a mim mesmo que quando voltasse falaria sobre isso. Eu precisava que isso me curasse, porque a Justiça estava me dando as costas”, acrescentou.

Questionado sobre como era conviver com o horror dos abusos quando criança, o jornalista foi categórico:

“Os abusadores são enganadores e fazem você acreditar que o que eles estão fazendo com você é bom e divertido, que estão fazendo isso para o seu próprio bem. Eles disfarçam isso como um jogo. Meu pai e meu tio fizeram isso. Significa que sempre leva muito tempo para a vítima perceber que isso está errado.”

Por fim, Juan encorajou outros homens a denunciarem abusos sofridos. “É degradante, constrangedor. Sei que muitos não contaram às suas esposas, aos seus filhos, aos seus amigos, aos seus psicólogos. Quero lhe dizer que a única maneira de curar é usando palavras, falar sobre isso, denunciar. O silêncio é o melhor amigo dos abusadores. Vamos aprender com as mulheres que são corajosas e que denunciam“, finalizou. Assista ao relato do jornalista: 


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