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A conversa de Bolsonaro com hacker de Araraquara e os pedidos de Carla Zambelli 

Preso nesta quarta-feira no âmbito da Operação 3FA, o hacker de Araraquara, Walter Delgatti Neto, afirmou em depoimento na Polícia Federal (PF), ter se encontrado com o ex-presidente Jair Bolsonaro no ano passado, no Palácio da Alvorada. 

Na ocasião, Bolsonaro perguntou, segundo ele, se conseguiria invadir a urna eletrônica caso tivesse o código fonte. De acordo com a Polícia Federal, o hacker explicou que “isso não foi adiante, pois o acesso dado pelo TSE foi apenas na sede do Tribunal, e o declarante não poderia ir até lá”. O encontro entre Bolsonaro e o hacker chegou a ser revelado pela revista Veja. 

Na decisão em que autorizou a prisão preventiva de Delgatti, em Araraquara (SP), nesta quarta-feira (2), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, cita a reportagem de Veja, com áudios segundo os quais o hacker diz ter contactado funcionários da operadora TIM com o objetivo de invadir o chip do celular do ministro, mas que estes não teriam topado seguir adiante. 

Em seguida, Delgatti disse ter invadido o Banco Nacional de Mandados de Prisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), de modo a demonstrar suas habilidades, e que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) redigiu o mandado falso de prisão contra Moraes. O acesso ao sistema teria sido feito por meio de uma credencial eletrônica roubada. 

A PF também investiga a inserção de 10 alvarás de soltura no sistema do CNJ, em benefício de criminosos espalhados pelo país. Cada inserção corresponde a ao menos um crime de falsidade ideológica, destacam os investigadores. 

Os detalhes sobre o depoimento de Delgatti na PF constam na decisão em que o ministro Alexandre de Moraes autorizou a prisão preventiva do hacker. O magistrado também ordenou busca e apreensão em endereços e veículos ligados a Zambelli. 

Delgatti é conhecido como hacker da Vaza Jato, por seu envolvimento no vazamento de trocas de mensagem entre o ex-juiz responsável pela Operação Lava Jato, Sergio Moro e o ex-procurador da República, Deltan Dallagnol. O caso culminou na anulação de diversas condenações judiciais.

O depoimento do hacker implica Carla Zambelli. Ele disse que recebeu pagamentos da deputada parlamentar para prestar serviços cibernéticos, e que pediu a invasão do telefone celular e do e-mail do ministro Alexandre de Moraes.

Antes, a parlamentar teria solicitado a invasão à urna eletrônica ou aos sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Delgatti, porém, declarou não ter conseguido acesso aos sistemas eleitorais.

Segundo a PF, no depoimento, Delgatti contou ter se encontrado com a deputada em um posto de gasolina na Rodovia Bandeirantes, em setembro de 2022, e que ela lhe teria dito “que, caso o declarante conseguisse invadir os sistemas, teria emprego garantido, pois estaria salvando a Democracia, o País, a liberdade”.

Outro lado

Em nota, a defesa de Carla Zambelli confirma a realização de mandados de busca e apreensão em seus endereços nesta quarta-feira e diz que “a medida foi recebida com surpresa, porque a deputada peticionou, através de seu advogado constituído, o Dr. Daniel Bialski, colocando-se à disposição para prestar todas informações necessárias” e que,”em nenhum momento, a parlamentar deixou de cooperar com as autoridades”. 

“Respeita-se a decisão judicial, contudo, refuta-se a suspeita que tenha participado de qualquer ato ilícito. Por fim, a Deputada Carla Zambelli aguardará, com tranquilidade, o desfecho das investigações e a demonstração de sua inocência”, acrescenta o texto.

Em nota, a defesa de Walter Delgatti informou que ele foi transferido da Delegacia da Polícia Federal em Araraquara para o Centro de Detenção Provisória da Cidade.

*Da EBC com edição da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe este artigo do Diário da Guanabara, o melhor site de notícias do Rio de Janeiro.

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