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Ressonância magnética: exame pode causar uma parada cardiorrespiratória?

A morte do empresário Fábio Mocci Rodrigues Jardim, de 42 anos, durante um exame de ressonância magnética na cabeça na cidade Santos, no litoral paulista, causou grande repercussão e levantou alguns questionamentos sobre a periculosidade do procedimento.

A viúva do comerciante, Sabrina Altenburg Penna, afirmou que o marido sofreu uma parada cardiorrespiratória na sala do exame, mas a médica Marcela Devido, cardiologista do InCor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP), declara que a ressonância magnética não vai causar um problema no coração.

“Inclusive nós usamos muito na cardiologia este exame. O que pode causar algum problema é uma sedação feita de uma forma inadequada, como parece que aconteceu neste caso”, declara ela em entrevista à CNN.

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Marcela diz que não há qualquer relação direta entre a ressonância e um problema gerado no coração durante o exame, nem mesmo há contraindicações para hipertensos ou para quem tem problemas cardíacos prévios.

“Isso não é um impeditivo para ser realizado. Este é um exame demorado porque precisa de uma precisão muito grande da imagem. Quando o paciente é claustrofóbico, não é incomum fazer este exame com sedação ou anestesia geral, dependendo do caso. Quando o paciente é cardiopata, aí existe uma sedação específica porque algumas medicações são mais cardiodepressoras do que outras.”

Sedação

De acordo com laudo emitido pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (Cejam), antes da ressonância, Fábio recebeu uma dose de 15 mg de midazolam e, em seguida, teve uma parada cardiorrespiratória. A médica questiona sobre a quantidade de sedativo aplicado no paciente.

“Provavelmente não havia a presença de um médico no momento, ou não fizeram uma proteção adequada da via aérea. Intubar não é algo necessário nesse exame, mas se eventualmente foi sedado, é importante passar uma máscara pela laringe porque 15 mg (de dose endovenosa) pode rebaixar o paciente e ele desenvolve uma parada cardiorrespiratória, principalmente por hipóxia (baixa concentração de oxigênio). Essa quantidade deprime o centro respiratório e o paciente para de respirar. Se ele já era cardiopata, essa é uma droga que pode precipitar uma parada”, detalha a especialista.

Marcela ressalta que essa quantidade de sedativo aplicado diretamente na veia precipitaria uma parada cardíaca, principalmente se não estivesse acompanhado adequadamente por um médico. Ela ainda destaca que um exame com sedação precisa ser feito com um especialista em sala.

“O médico não pode ficar em outro lugar, acompanhando à distância. Ele precisa estar na sala junto do paciente o tempo todo para justamente não acontecer isso. A clínica também precisa ter um carrinho específico para casos de parada cardíaca para que o médico possa socorrer a vítima. Se isso não acontecer, é realmente um caso de negligência”, pontua.

A cardiologista explica que, durante o exame, o especialista fica em uma pequena sala console, ao lado do aparelho, observando por um vidro todo o exame e de olho no monitoramento. O paciente poderia até não ser intubado, mas isso seria arriscado.

“O médico pode até não intubar ou passar máscara laringea em uma sedação, pode dar somente oxigênio, mas para um exame demorado em um tubo em que a única referência do médico são os sinais do monitor, isso não é muito recomendado.”

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