Turismo

9 dicas para decifrar o rótulo da comida no supermercado

Pensa que é fácil fazer as compras no supermercado? As embalagens de alimentos estão cheias de pegadinhas nos rótulos e contrarrótulos –truques para esconder pontos negativos e induzir o consumidor a adquirir algo que ele talvez não quisesse se a rotulagem fosse mais clara. A seguir, nove dicas que podem ser úteis na hora de escolher a comida na prateleira do mercado.

1. Procure ler tudo

É chato? Um pouco. Mas quase toda embalagem de comida industrializada esconde algo que o fabricante não está especialmente interessado em divulgar. Então, antes de comprar pela primeira vez, é bom fazer uma varredura nos ingredientes, na tabela nutricional e em algumas pegadinhas que vou detalhar a seguir. Vasculhe todas as dobrinhas da embalagem, pois é nelas que costuma se esconder a informação desabonadora.

2. Letras miúdas são importantes

Já dizia um político do século 20: “O que é bom a gente fatura; o que é ruim a gente esconde”. Palavras que entregam a falta de qualidade do alimento geralmente vêm em corpo menor. Para exemplificar, vou usar maiúsculas e minúsculas: LINGUIÇA tipo CALABRESA. Às vezes as letras miúdas são tão miúdas que você precisa tirar uma foto com celular e ampliar para conseguir ler o que está escrito.

3. A ordem dos ingredientes

É o básico da legislação de rotulagem, mas muita gente não sabe disso: a lista de ingredientes é feita em ordem decrescente de massa (peso) dos componentes do alimento. Então, em algo que tenha 100 gramas, vai entrar primeiro aquilo que tem, digamos, 65 gramas, depois o que tem 12 gramas, 3 gramas etc. etc. Você precisa de algum bom senso para avaliar essa lista. Quando o produto é uma linguiça, fica estranho se o principal ingrediente não for carne de porco; quando é um molho feito com a pimenta mais forte do mundo, natural que ela entre em pequena quantidade.

4. Nomes que induzem ao engano

Propaganda é estelionato que ganha prêmio em Cannes. Sempre que puderem, vão tentar te engambelar. E a lei ajuda a confundir. Por exemplo, é permitido rotular como “mortadela italiana” o embutido que atenda a algumas exigências legais, como ser feita apenas de carne de porco, mesmo que fabricada no Brasil. Aí vem o fabricante, coloca outra marca na embalagem, com um jeitão de produto importado, e tasca um “L” a mais na mortadela: vira “mortadella” como se fosse italiana real oficial. Mas a fábrica fica em Vinhedo, SP.

5. Tipo isso, sabor aquilo

Varia de produto para produto. Quando se fala de queijos, o “tipo” em geral significa que se trata de uma receita protegida por acordos comerciais, “Tipo brie”, “tipo camembert”. Pode ser um queijo ótimo que não tem a permissão de usar o nome do queijo de referência.

Quando descemos para o círculo infernal dos ultraprocessados, a coisa muda de figura, “Tipo” quer dizer que a receita foi desfigurada. Uma “linguiça tipo calabresa” tem carne mecanicamente separada de frango, proteína de soja e o escambau (a rotulagem “linguiça calabresa” não admite esses ingredientes, escambau incluso).

O “sabor” isso ou aquilo é ainda pior. Uma gelatina não precisa conter nada de morango para ser rotulada como “sabor morango”. Igual para o macarrão instantâneo “sabor frango”. Basta colocar “aromatizante sintético idêntico ao natural” em letras nanométricas na lista de ingredientes.

6. Ops, encolhi a comida

“Reduflação” é um neologismo para uma prática que a indústria encontrou para mascarar o aumento de preços: em vez de botar uma etiqueta mais cara, mantém o valor e reduz o tamanho do artigo. Por algum tempo, o fabricante é obrigado a exibir um aviso do encolhimento –passado tal prazo, fica como se sempre fora assim, pois a memória humana também retrai.

O produto “reduflacionário” da vez é o azeite, cujo preço está fora de controle. A garrafa padrão, de meio litro, encolheu para 450 ml em algumas marcas. Por isso é sempre bom conferir o quanto de comida você vai levar antes de comemorar um preço mais em conta.

7. As lupas da indiscrição

Mudanças recentes na legislação introduziram uma etiqueta de lupa que dedura alimentos processados com teores muito altos de açúcar adicionado, sódio ou gordura saturada. É uma bela melhora na vida do consumidor, que agora não precisa mais decifrar a tabela nutricional para saber o que tem excesso desses componentes.

Só que, mais uma vez, é legal interpretar com alguma sensatez as lupinhas. A generalização da regra, como sói acontecer, deu em uma ou outra bizarrice. É o caso da manteiga sem sal, que vem com a lupa da gordura saturada – quando todos sabemos que manteiga é quase só gordura saturada e que ninguém vai comer aquilo às colheradas. Ou vai?

8. Bens que entregam os males

Outro fenômeno positivo recente é o lançamento, pelas grandes marcas, de linhas de alimentos com menos aditivos –às vezes sem nenhum. Todos os fabricantes de iogurte, por exemplo, estão se mexendo para soltar a versão “só leite e fermento” de seus produtos. Se por um lado é ótimo dispor desses iogurtes mais naturais, por outro a iniciativa faz a gente pensar em que tipo de química a mesma marca enfia nas outras opções. E aí você vai ler o contrarrótulo para encontrar espessantes, emulsificantes, estabilizantes, corantes e aromatizantes.

9. Comida que vira vapor

Produtos à base de carne, como linguiças e hambúrgueres, podem ter água adicionado para dar volume e peso à mercadoria crua. Esse percentual aquoso precisa ser declarado na embalagem (há linguiças com mais de 20% de água adicionada). Não faz mal à saúde, mas, ao comparar preços, você deve ter em mente que 1/5 da linguiça vai literalmente evaporar na fritura.


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