O apagão da gastronomia paulistana
A delicatessen de Andrea Kaufmann, em Alto de Pinheiros, ainda estava às escuras na tarde de segunda-feira (14). Pela manhã, ela havia postado no perfil de Instagram do AK Deli a foto de um freezer aberto, com a seguinte legenda:
“Bom dia. Seguimos sem luz. Hoje é dia de contabilizar as perdas. O conteúdo desse freezer vai todo para o lixo.”
Por volta das 16h, ela já tinha uma noção do prejuízo. “Só de insumos foram R$ 50 mil fora os dias que precisamos ficar fechados”, conta. O AK Deli não abre os domingos, portanto perdeu o faturamento de sábado e segunda (no mínimo).
A operação da Cozinha dos Ferrari, na Mooca, foi ainda mais impactada pelo apagão causado pela tempestade de sexta-feira. O restaurante só faz quatro serviços por semana, nos almoços de quinta a domingo – o fornecimento de energia foi restabelecido na noite de sábado, mas a comida já estava perdida.
“Deu para salvar alguma coisa, não o bastante para abrir domingo”, diz Mauro Ferrari, que perdeu metade do faturamento da semana.
Rômulo Morente estima que deixou de faturar R$ 100 mil no bar Sururu, na Barra Funda, que ficou fechado por todo o fim de semana. “Não foi pior porque a luz não acabou no andar de cima, onde temos freezers e geladeiras.”
A lista de estabelecimentos afetados pelo apagão em São Paulo é gigante: a padaria Forno Fecchio e o bar Lardo (Pompeia), os restaurantes Mapu (Vila Mariana) e Pingyang (Jardins), as hamburguerias Buzina (Pinheiros) e Generoso (Santa Cecília) e a cervejaria Duas Irmãs (Campos Elíseos) são apenas alguns exemplos.
Algumas casas, para mitigar o prejuízo, funcionaram mesmo sem luz – foi a situação da Atzi Taqueria, em Pinheiros.
Quem diria que o blecaute de novembro de 23 poderia se repetir um ano depois, né, rapaziada? A concessionária Enel teve um ano para sanar problemas na rede elétrica. O prefeito Ricardo Nunes teve um ano para podar as árvores.
Que venham as ações legais. “Uma delas será minha”, diz Andrea Kaufmann.
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