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Nunes avalia erros e busca ajustes sob racha interno e pressão de Marçal na reta final

Após o debate Folha/UOL desta segunda-feira (30), aliados do prefeito Ricardo Nunes (MDB) admitiram erros e passaram a cobrar a campanha na reta final, diante da ameaça de que Pablo Marçal (PRTB) avance para o segundo turno.

Diferentes alas da campanha dividem a avaliação de que a performance de Nunes no debate foi ruim, principalmente por ter acabado com seu banco de tempo antes dos demais, e que ainda há chances para Marçal nesta última semana, sobretudo se o influenciador tiver cartas na manga ou conseguir desestabilizar o prefeito no debate da TV Globo, na quinta-feira (3).

Há, contudo, um racha entre bolsonaristas que pregam uma mudança de estratégia e emedebistas que não preveem guinadas no rumo da campanha. De qualquer forma, o prefeito vai reforçar a preparação para o debate da TV Globo com dois dias de treinamento.

Nesta terça-feira (1º), Nunes já reduziu a quantidade de agendas externas, guardando tempo para o treino.

Pela manhã, o principal cabo eleitoral de Nunes, Tarcísio de Freitas (Republicanos), esteve com Jair Bolsonaro (PL) em um encontro breve, durante uma escala do ex-presidente em São Paulo a caminho do Rio de Janeiro. Interlocutores afirmam que o governador falou sobre o fato de parte da direita conservadora escolher Marçal e o risco que isso representa.

Ausente na campanha de Nunes, o ex-presidente segue sem nenhuma participação marcada para o primeiro turno.

Tarcísio, que já havia passado o fim de semana colado em Nunes para participar dos treinos para debates, deve estar novamente na preparação, que inclui simulações do confronto.

Nesta terça, durante um ato de apoio de comerciantes do centro, Nunes disse a Tarcísio que ele era “o sujeito na política mais homem” que ele conheceu na vida. Em entrevista a jornalistas, disse que não queria soar machista.

No mesmo evento, Nunes justificou seu desempenho no debate Folha/UOL e o que pretende fazer no programa da TV Globo.

“Na minha vida inteira, eu não sei dar golpe. […] De segurar o tempo para, no final, em vez de discutir a cidade, de responder as questões, ficar fazendo ataque. Às vezes veem como erro de estratégia. Eu vejo como algo puro, verdadeiramente puro. […] E tem dado certo, eu tenho o menor índice de rejeição. Não é à toa que a rejeição do Boulos e do Marçal tem aumentado de forma assustadora”, disse Nunes.

“Eu vou com coração aberto, responder o que é preciso responder, falar o que eu já fiz, o que estou fazendo, mostrar que a gente pode continuar no caminho seguro para São Paulo e que eu sou o candidato que vence qualquer um dos candidatos no segundo turno”, respondeu sobre o próximo debate.

Enquanto isso, aliados listam críticas e pontos que consideram problemáticos na campanha, inclusive a falta de preparação para debates. Um dos alvos é o marqueteiro Duda Lima, que foi agredido com um soco por um assessor de Marçal no debate do Flow, no último dia 23.

Antes do debate Folha/UOL, Duda deu uma entrevista à imprensa e se exaltou ao falar do episódio, que disse ter sido premeditado. Depois, o marqueteiro acabou não acompanhando Nunes no estúdio, e aliados afirmam que o prefeito ficou sem referência e sem dicas sobre como economizar o tempo.

Há, por outro lado, quem minimize o problema, afirmando que Nunes foi o mais atacado e, por isso, teve que gastar mais tempo que os demais se defendendo.

Parte do entorno do prefeito cobra ainda que ele responda de forma direta sobre o boletim de ocorrência registrado por sua esposa em 2011 em vez de dizer que a ama e que assuntos de família não deveriam aparecer no debate, como fez na segunda-feira.

No último bloco, Marçal aproveitou o tempo que lhe restava e perguntou dez vezes o motivo pelo qual a esposa de Nunes prestou queixa.

Líderes da campanha avaliam que o prefeito poderia ter sido mais direto e justificado melhor o acontecido, assim como fez Guilherme Boulos (PSOL), que tornou pública sua internação na juventude por depressão após o autodenominado ex-coach o acusar de ser dependente químico.

O governador chegou a aconselhar o prefeito nesse sentido, segundo interlocutores.


Mas as opiniões se dividem. Outras figuras próximas ao prefeito consideram que o assunto boletim de ocorrência já está respondido e que o melhor a se fazer é se esquivar para não cair nas provocações de Marçal.

A equipe do prefeito espera que Marçal traga essa questão no debate da TV Globo e admite que esse tema tira Nunes do sério. O esforço será de que o prefeito se prepare para manter a calma.

Também há aliados do prefeito que opinam que ele deveria ter usado a acusação contra a advogada Natalia Szermeta, esposa do Boulos, sobre ter violado as regras do programa Minha Casa Minha Vida, para confrontar o deputado do PSOL.

Bolsonaristas ouvidos pela reportagem afirmam que a campanha vem demonstrando insegurança e fragilidade e que não pode haver erros no próximo e último debate —eles cobram uma postura mais ofensiva de Nunes. Também opinam que os acenos de Nunes ao bolsonarismo ajudam a esvaziar Marçal.

Na outra ponta, emedebistas dizem que Nunes deve se manter fiel ao seu estilo e lembram que Bolsonaro não ajudou a campanha no pior momento, e que agora já não é tão necessário. Na opinião deles, Nunes deve seguir falando sobre a cidade e suas entregas, principalmente nos debates.

“Essas críticas descabidas e desnecessárias são de pessoas que não estão no projeto do Ricardo Nunes, de gente desleal, que não está autorizada a falar pela campanha e que não ajuda, só atrapalha”, afirma o presidente do MDB e coordenador da campanha, Baleia Rossi, para quem Nunes foi bem no último debate.

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