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Entidade pede ao STF derrubada de vídeo que associa religiões afro a álcool e demônio

O Idafro (Instituto de Defesa dos Direitos das Religiosidades Afro-brasileiras) pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) que determine a remoção de um vídeo das redes sociais que associa a entidade pombagira ao alcoolismo e a demônios. No conteúdo, imagens também são quebradas com um taco e um martelo.

A entidade afirma que as falas e imagens atingem os milhões de brasileiras e brasileiros que professam as religiões de matriz africana, induz à discriminação contra essas religiões e têm viés racista. Para a entidade, o vídeo viola decisões anteriores do Supremo sobre a proteção às religiões afro e o princípio da igualdade. A ação foi distribuída nesta terça-feira (24) ao ministro Luiz Edson Fachin.

Victor Stavale, também conhecido como Vicky Vanilla, se apresenta nas redes sociais como teólogo, empresário e influencer. Ele publicou um vídeo há uma semana em que aparece com uma mulher em um cômodo com objetos e uma mesa com imagens de religiões afro e ciganas. Os dois dizem ter integrado as denominações por cerca de 10 anos, quando faziam macumbas e sacrifícios, e agora buscam a salvação.

No diálogo, Stavale diz: “Tá na esculhambação, na bebida, na cachaça e leva os outros. Então isso aqui é só uma roupagem que eles usam pra falar: ‘Ah somos do povo, é a pombagira, é o Zé, é o malandro’. É porra nenhuma. É demônio ou não é isso daqui?”. A mulher confirma e diz “Eles eu beber e fazer desgraça na vida dos outros.”

A entidade fez o pedido de derrubada do vídeo à Justiça Federal, mas o desembargador plantonista responsável pelo caso no TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região, de São Paulo) concluiu que não há indícios mínimos de afronta ao sentimento afrorreligioso.

“Embora reputem-se gravíssimos os fatos narrados na exordial de origem, não há notícia de dano concreto iminente a justificar a concessão liminar”, disse, na decisão.

Na reclamação ao STF, o Idafro afirmou que o influencer não usa o tempo do vídeo para defender a própria religião, apenas para associar as religiões afro a valores supostamente desviantes, ilícitos, criminosos, moral e eticamente condenáveis.

“Cristalinas, induvidosas e inequívocas, as mensagens induzem o receptor a concluir que a afrorreligiosidade, coletividade que agrega milhões de brasileiros, seria responsável por alcoolismo, vícios, desgraças, infortúnios e insucesso pessoal”, diz a entidade ao Supremo.

No vídeo, Stavale tem um taco na mão, enquanto a mulher usa o martelo, e os dois destroem as imagens. O post tem mais de 4 mil comentários e 390 mil visualizações e o perfil no Instagram tem cerca de 357 mil seguidores.


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