Pesquisa inédita de hospital de Porto Alegre pode ajudar a salvar vidas de jogadores de futebol com problemas no coração
Um hospital de Porto Alegre realizou uma pesquisa inédita no Brasil que pode ajudar a salvar vidas de jogadores de futebol com problemas no coração.
Allan Vieira foi jogador profissional de futebol por onze anos. Chegou a jogar a Série A pelo Santa Cruz em 2016, mas precisou interromper a carreira aos 31 anos, quando exames detectaram uma alteração no ventrículo esquerdo do coração dele.
“Foi um baque. Foi um baque muito… Foi muito doloroso assim para mim”, conta.
O Allan foi um dos mais de 6 mil atletas que participaram de uma pesquisa inédita no Brasil. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul analisaram a saúde do coração de atletas de 82 clubes das principais divisões do país: 3% dos jogadores apresentaram batimentos cardíacos anormais ao serem submetidos a um exame de rotina chamado eletrocardiograma. O próximo passo, nesses casos, seria realizar um outro exame, o ecocardiograma.
“Essa alteração em especial, todos os atletas fizeram o eletrocardiograma. E, para a nossa surpresa, alguns deles que fizeram o eletrocardiograma e que tinham o eletro com essa anormalidade, tinham o ecocardiograma normal”, diz Ricardo Stein, médico cardiologista do Hospital de Clínicas.
Foi o caso do Allan. Depois de passar por um eletrocardiograma com um resultado anormal, ele fez um ecocardiograma, que apresentou uma resposta satisfatória. Só o exame de ressonância mostrou um problema no coração.
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“Nós vimos que o ecocardiograma era feito de rotina, mas que, em alguns casos, o ecocardiograma sendo normal, se parava por aí. E nós identificamos que a ressonância deve ser feita quando dessas alterações identificadas, e esse é um grande achado desse estudo”, conta Ricardo Stein.
“Ter esse cuidado maior depende muito das estruturas dos clubes. Eu já poderia ter descoberto esse problema bem antes”, diz Allan Vieira.
A ressonância é um belíssimo exame, mas é um exame mais sofisticado, que não deve ser feito para todo mundo e, sim, em casos específicos como esse que a gente está conversando a respeito”, afirma o cardiologista Ricardo Stein.
Os pesquisadores ressaltam que situações como a do zagueiro Izquierdo, do Nacional do Uruguai, que morreu cinco dias depois de ter um mal súbito durante a partida contra o São Paulo, pela Libertadores, são extremamente raras e que a atividade física é recomendada para todos.
“O exercício, o esporte é salvador de vida. O ruim é ficar sedentário”, afirma Ricardo Stein.
Hoje, com 34 anos, o Allan é professor de futebol. Passa para frente os conhecimentos e a experiência dos tempos de atleta profissional e continua jogando de forma recreativa – com os exames em dia e aval médico.
“Jogo futsal, jogo campo, jogo fut sete… Viajo bastante também. É onde eu vou conseguindo tirar uma renda para casa e, graças a Deus, continuo fazendo o que mais amo, que é jogar futebol”, diz Allan Vieira.
Fonte/Créditos: G1
Créditos (Imagem de capa): Foto: Reprodução/TV Globo