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“Vitória” da oposição na Venezuela ‘não consegue ser provada’

Celso Amorim, assessor especial do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), expressou que o Brasil está “decepcionado” com a lentidão da Venezuela em revelar as atas da eleição presidencial que ocorreu no último domingo, 28. As palavras foram ditas em uma entrevista para o jornalista Kennedy Alencar, da Rede TV!, na quinta-feira, 1º.

O órgão sob comando chavista, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), anunciou a reeleição do ditador Nicolás Maduro, embora não tenha fornecido provas do resultado. A oposição, por outro lado, questiona as estatísticas e menciona uma “fraude eleitoral”.

Na entrevista filmada pela manhã, Amorim declarou que a oposição “não consegue provar” a derrota de Maduro. No entanto, à noite, o Departamento de Estado dos EUA afirmou que o líder chavista perdeu as eleições. Conforme o departamento, as informações divulgadas pela oposição demonstram a vitória de Edmundo González Urrutia, o candidato opositor.

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Segundo o assessor presidencial, o dia da eleição ocorreu de maneira tranquila”. “A questão que se coloca depois é a demora da apuração e a contradição entre a oposição e o governo em relação à oposição”, afirmou. 

Amorim expressou que, apesar do anúncio do CNE declarando Maduro como o vencedor da eleição, “a oposição consegue colocar dúvidas”, porém “não provar o contrário”.

“Eu acho que o Brasil evita atitudes precipitadas nessas questões, porque, muitas vezes, você precisa realmente de tempo”, declarou. 

Realmente, a administração Lula não tem adotado uma postura assertiva a respeito do assunto. Na quinta-feira, um dos raros passos tangíveis foi tomado, com a publicação de um comunicado conjunto por parte dos governos do Brasil, México e Colômbia, visando reiterar à Venezuela a exigência de publicação das atas eleitorais.

No entanto, Amorim possui uma expectativa de que o governo da Venezuela comprove o resultado que alega ter obtido. De acordo com ele, o sistema eleitoral do país é “reconhecido pela própria oposição” como “invulnerável”.

“Você não tem como falsificar um voto pela maneira como ele corre, as comprovações que são dadas imediatamente”, disse ao jornalista. “Então, ele é invulnerável. A dúvida é, realmente, se a contagem corresponde às atas.” 

Amorim se encontrou com Maduro na Venezuela 

Na última segunda-feira, 29, um dia após a eleição, o assessor do Planalto teve um encontro com o ditador venezuelano Nicolás Maduro. Amorim, durante a entrevista, mencionou que questionou Maduro a respeito da publicação das atas.

“Ele disse que era uma questão de dois ou três dias”, afirmou, e acrescentou que esse tempo “já está passando”. 

A oposição e observadores internacionais têm criticado veementemente a falta de transparência na contagem de votos na Venezuela.

Por exemplo, nesta terça-feira, 31, o Centro Carter, uma organização internacional, afirmou que as eleições do país não foram democráticas. Os representantes da instituição estiveram presentes no pleito.

“O processo eleitoral da Venezuela não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral em nenhuma de suas etapas e violou inúmeras disposições de suas próprias leis nacionais”, disse a organização. 

O Centro Carter identificou várias questões na eleição, como problemas no registro de eleitores e candidatos, uso do aparato do estado em benefício de Maduro e incidentes de violência.

Apesar disso, “cidadãos venezuelanos compareceram pacificamente e em grande número para expressar sua vontade no dia da eleição”. Porém, “seus esforços foram prejudicados pela completa falta de transparência do CNE no anúncio dos resultados”. 

Amorim afirmou à RedeTV! que o Centro Carter não é manipulado, mas sim que sempre operou com “relativa neutralidade”.

“Mas o Centro Carter tinha 17 pessoas [durante as eleições venezuelanas]”, disse. “Como você fazer uma observação para valer com 17 pessoas?”, concluiu. As informações são da Revista Oeste.