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Imprensa alemã critica descaso com patrimônio cultural e histórico do Rio de Janeiro

À esquerda, desabamento em junho. À direita, em julho, quando outro desabamento engoliu parte do telhado da casa de Carmem Miranda – Foto: Divulgação/Sergio Castro Imóveis e O Globo

O jornal alemão Deutsche Welle, um dos mais respeitados veículos de comunicação da Alemanha, chamou a atenção para o crescente descaso com o patrimônio cultural do Rio de Janeiro, maioria dos casos foi denunciado primeiramente pelo DIÁRIO DO RIO. A publicação cita exemplos alarmantes, como o incêndio que destruiu o Museu Nacional em 2018 e o abandono de imóveis históricos ligados a figuras importantes como Carmen Miranda e Cândido Portinari.

A reportagem da Deutsche Welle começa relembrando o trágico incêndio que consumiu o Museu Nacional, há seis anos, e destaca que, mesmo após esse desastre, a negligência com o patrimônio histórico brasileiro continua alarmante. A previsão mais otimista para a reabertura parcial do museu é 2026, com a instituição precisando de R$ 95 milhões para concluir as obras de restauração. Além disso, o incêndio expôs a fragilidade de outros patrimônios culturais do Rio de Janeiro.

O jornal alemão faz menção ao estado de abandono de dois imóveis históricos no Rio: a casa onde Carmen Miranda viveu, localizada no Centro da cidade, e o antigo casarão de Cândido Portinari, na Zona Sul. Ambos os imóveis estão em ruínas, com o da cantora tendo parte do telhado desabado em julho deste ano. O mais alarmante é que ambos os imóveis são tombados pelo patrimônio histórico, mas a falta de manutenção e cuidados tem colocado essas relíquias culturais em risco.

Em entrevista ao jornal, Laura Di Blasi, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), afirma que, apesar de os imóveis tombados serem de responsabilidade de seus proprietários, o poder público pode intervir com fiscalização, notificação e aplicação de multas em caso de irregularidades. No entanto, isso não tem sido suficiente para impedir o avanço da deterioração.

A prefeitura do Rio instalou 278 placas azuis em endereços históricos, entre bares, teatros, praças e prédios. Só na Nascimento e Silva, em Ipanema, há duas: uma no número 107 e outra no 378. No primeiro endereço, morou Tom Jobim (1927-1994), entre 1953 e 1962, e, no segundo, Renato Russo (1960-1996), entre 1990 e 1996.

Tombar não é a única e nem sempre a melhor opção. A solução pode ser dar um novo significado ao imóvel. Um bom exemplo é o Edifício A Noite, na Praça Mauá. O imóvel, que antes abrigou a Rádio Nacional, dará lugar a um condomínio de luxo. Ganha um novo uso ao mesmo tempo que preserva a memória e a cultura locais“, afirma Di Blasi.

O Deutsche Welle também destacou que o Rio de Janeiro, apesar de contar com incentivos para a preservação de seu patrimônio, tem enfrentado dificuldades em revitalizar esses locais históricos. Enquanto isso, cidades como Porto Alegre e Salvador têm encontrado maneiras de preservar e dar novos usos a seus imóveis culturais, como a Casa de Cultura Mário Quintana e a Casa do Rio Vermelho, que se tornaram centros de visitação e preservação da memória de Mário Quintana e Jorge Amado, respectivamente.

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