CovidNotícias

Na Ucrânia, Huck vai para abrigo às pressas em meio a bombardeio

A primeira noite do apresentador Luciano Huck em Kiev, capital da Ucrânia, foi marcada por um dos “mais amplos e intensos ataques aéreos” por parte da Rússia no território vizinho desde o início da guerra em fevereiro de 2022. Foram 129 mísseis e 109 drones lançados contra o país, e o comunicador brasileiro teve que deixar o hotel onde estava às pressas a fim de se proteger em um abrigo antiaéreo.

– Os alarmes agudos soaram a partir das 3h. Sirenes nas ruas, alertas no celular, chamados nos alto-falantes do hotel, o alerta veio de todos os lados. Parecia um filme, mas era vida real. Hóspedes e funcionários foram prontamente encaminhados ao abrigo antiaéreo, no subsolo. Camas dobráveis tinham sido improvisadas, lado a lado. Mas como conseguir desligar, que dirá dormir? – questionou ele em relato publicado no jornal O Globo.

O apresentador da Rede Globo viajou até a Ucrânia a fim de entrevistar o presidente Volodymyr Zelensky, que manteve a agenda apesar dos ataques.

Publicidade

– Por volta das 10h, quando o impacto do bombardeio ainda não era totalmente sabido, fomos autorizados a deixar o abrigo. Para minha surpresa, o presidente Volodymyr Zelensky manteve a agenda e me recebeu logo em seguida para uma entrevista exclusiva. Fui à Ucrânia para ouvi-lo e ver de perto o que está acontecendo na terra de 3 dos meus 4 avós, onde estão minhas raízes familiares – contou.

De acordo com Huck, o atentado que ele presenciou deixa clara a atual estratégia do líder russo, Vladimir Putin: tentar “destruir os serviços de água e energia antes do início do rigoroso inverno europeu”.

O vídeo completo da entrevista de Huck com Zelensky será publicado em breve, por meio de um documentário na Globoplay. Entretanto, o apresentador já adiantou algumas falas do ucraniano.

CRÍTICAS A LULA
Segundo Huck, Zelensky contou estar elaborando um plano de paz a ser apresentado em novembro deste ano. Ele também criticou a postura do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em relação à guerra.

– O Brasil se nega a tomar partido abertamente na guerra, alegando neutralidade. O presidente Lula disse recentemente que “não há razão para procurar culpado na guerra”. O que o senhor acha disso? – questiona Huck.

– Isso é apenas retórica política. Não é uma fala honesta. Não é honesta nem conosco nem com o povo brasileiro. Porque todo mundo sabe quem iniciou essa guerra. A equipe dele trouxe uma resolução para nós, antes do do “encontro pela paz” que organizamos, mas o Brasil não quis vir, o presidente Lula não quis vir. Foi uma pena. Eu me reuni com o time dele algumas vezes, mas até agora eles não se uniram a nós na busca de uma solução – declarou Zelensky.

Ao ser indagado sobre qual mensagem ele deixaria ao governo brasileiro, o chefe de Estado europeu foi taxativo ao dizer que Lula “vive as narrativas da União Soviética”. Zelensky também criticou o alinhamento da gestão petista com países antidemocráticos.

– Tive uma reunião com o presidente Lula e vi que ele me entendeu. Porque tivemos um diálogo muito bom, realmente bom. Estou agradecido por isso, mas ele vive as narrativas da União Soviética. É uma pena. Ele pensa na Rússia como se hoje ainda existisse a União Soviética. A China é um país democrático? Não. E o que dizer sobre o Irã? É um país democrático? Não. E o que dizer da Coreia do Norte? Eles não são países democráticos. Então, o que o Brasil, um grande país democrático, faz nessa companhia? Eu não consigo entender esse círculo de países – afirmou.

– É normal quando você tem relações econômicas, mas estamos falando sobre uma guerra, não é sobre relações econômicas. É sobre geopolítica, é sobre valores, é sobre pessoas. É sobre democracia, propósito e liberdade. O que um país democrático e livre como o Brasil está fazendo junto com países que não respeitam estes valores? Quem vai ganhar essa queda de braço? O Brasil vai engolir esses quatro aliados ou esses quatro aliados vão engolir o Brasil? – refletiu.