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Pesquisa no Rio emprega drones e IA para monitorar resíduos descartados ilegalmente

Foto: Reprodução/ TV Globo

Um estudo coordenado pelo engenheiro Marcelo Musci, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), campus zona Oeste, publicado na Revista de Gestão Social e Ambiental, utiliza drones e inteligência artificial (IA) para monitorar o descarte ilegal de resíduos sólidos em áreas remotas da cidade. A pesquisa revela dados e a gravidade da situação, mostrando que o problema é mais sério em locais de difícil acesso, como encostas, terrenos baldios, margens de rios e áreas florestais, o que agrava a degradação ambiental e oferece riscos aos catadores e garis.

O estudo é financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Em entrevista à Rádio Nacional, Marcelo Musci explicou que o drone é utilizado para localizar detritos de lixo em locais de difícil acesso, onde a visão humana não alcança. Segundo Musci, os detritos não apenas poluem, mas também causam riscos de deslizamentos de terra e favorecem a proliferação de ratos, baratas e outras pragas urbanas.

“Se você coloca um drone, tem uma visão melhor do local, coisa que satélite não dá para fazer porque a imagem de satélite, além de ser muito cara, a resolução não é tão boa como a de um drone”, argumenta.

De acordo com o coordenador da pesquisa, se a IA for programada para detectar lixo, em vez de casa abandonada, por exemplo, vai colocar um marcador virtual em volta daquele ponto do vídeo onde se programou que tem lixo depositado. Se treinada, essa tecnologia pode identificar até resíduos menores, como lixo orgânico.

O estudo emprega uma rede neural inspirada no funcionamento do cérebro humano. Neste caso, a inteligência artificial (IA) foi treinada para identificar detritos ensacados, restos de obras de construção civil, pedaços de madeira e objetos abandonados. “Você treina a rede apresentando fotografias do que você quer que a rede identifique. É colocada então uma marcação do que ela localizou no pedaço de vídeo. Se você treinar essa rede com resíduos orgânicos, menores, o drone terá que ter uma altura menor para localizar. Combinando isso, a tecnologia pode localizar o que você quiser”, explicou.

Segundo o pesquisador, na Europa, a tecnologia já é utilizada para identificar detritos em rios poluídos nas cidades, enquanto no Brasil ainda não há trabalhos semelhantes. O drone tem autonomia de bateria de 20 minutos a 30 minutos. “Ele não pode se afastar muito da costa, a não ser que você vá com um barco. Tem um certo limite para fazer isso. Em lagoas pequenas, contudo, como a Laguna da Barra da Tijuca, ele pode detectar lixo. Pode ser ampliado para rios, lagoas, basta você treinar”, acresenta.

Além disso, o professor afirmou que, se a tecnologia for treinada para detectar lixo flutuante em rios, pode evitar que esse resíduo acumule e interrompa canais de escoamento, agravando enchentes, como as ocorridas na ciadade em janeiro deste ano. 

O estudo foi realizado em várias regiões da zona Oeste, incluindo arredores do campus universitário, conseguindo identificar e rotular imagens contendo vestígios de descarte irregular, com eficácia de 92%. De um total de 4.169 objetos, apenas 338 não foram identificados pela máquina. Embora os pesquisadores estejam ainda melhorando a técnica, pretendem propor parcerias futuras com a GEO-Rio, órgão da prefeitura carioca responsável pelo monitoramento de encostas.

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