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CNBB tenta anular voto de Rosa Weber sobre a descriminalização do aborto

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) vê com otimismo a possibilidade de anulação do voto da ministra aposentada Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), na ação sobre a descriminalização do aborto. A Corte deve pautar em agosto o julgamento do recurso da CNBB.

A entidade já se prepara para solicitar reuniões privadas com os 11 juízes e defender a validação de seu recurso.

Rosa Weber, que se aposentou em setembro, pautou a ação no plenário virtual do STF e apresentou, pouco antes de deixar o tribunal, um voto a favor da descriminalização do aborto.

“Vamos conversar com todos que nos receberem”, afirma o advogado Lucas Furtado de Vasconcelos Maia, que representa a CNBB.

A defesa da CNBB reconhece que o julgamento do recurso, se aceito pelos ministros, não entrará no mérito da discussão sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação.

Contudo, a entidade vê com otimismo a possibilidade de o voto da ministra aposentada ser anulado e substituído pelo do ministro Flávio Dino.

O magistrado assumiu a cadeira deixada por ela e hoje relata o processo.

Possibilidade de anulação do voto de Rosa Weber sobre aborto

De acordo com Maia, caso o STF entenda que o voto foi nulo, ele some. A partir daí, abre-se a possibilidade de Flávio Dino votar.

“Como o ministro vai votar, por ser católico, não sei”, observa Maia. “Mas espero que ele resguarde o direito que é mais sagrado, que é a vida.”

Ainda segundo o advogado, apesar da incerteza em relação ao voto de Flávio Dino, a anulação do voto de Rosa Weber e a possibilidade de recomeçar o julgamento já seriam uma vitória para quem é contra o aborto.

“Hoje, tenho um voto desfavorável”, afirma Maia. “Se acolherem o nosso argumento, voltamos ao zero a zero. O voto da ministra Rosa Weber, com todo o respeito, não resguarda o direito mais básico, que é a vida.”

Polêmica sobre o pedido de destaque de Luís Roberto Barroso

À época, o ministro do STF Luís Roberto Barroso pediu destaque — ou seja, paralisou o processo e decidiu que o julgamento seria no plenário físico, sem previsão de data.

Conforme o jornal Folha de S.Paulo, a CNBB afirma que o pedido de Barroso apareceu antes do voto de Rosa Weber no sistema processual.

Além disso, alega-se que o prazo de 48 horas foi insuficiente para que partes interessadas no processo, como a própria instituição católica, enviassem a gravação de sua sustentação oral.

Segundo a CNBB, esse procedimento foi prejudicial à manifestação da entidade, e por isso deveriam anular o voto.

“O recurso é absolutamente técnico”, afirma o advogado da conferência. “Entendemos que foram ofendidos princípios constitucionais, o devido processo legal e o direito ao contraditório. A ministra pautou para o plenário virtual a matéria sem observar o prazo do próprio regimento interno do STF.”