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Anomalia magnética do Brasil está se dividindo, diz professor de astronomia e geofísica; entenda

A Anomalia Magnética do Atlântico Sul (Amas) está se dividindo em duas partes, disse o professor Ricardo Trindade, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG-USP). Ele deu a declaração em entrevista ao portal UOL, divulgada nesta terça-feira, 28.

“E uma coisa interessante que está acontecendo nos últimos anos é que a gente está vendo que ela [Amas] está se separando em duas anomalias”, disse o professor. “Uma que fica na margem da África e outra que continua aqui na América do Sul, expandindo.”

Histórico da anomalia magnética

A Amas é a maior anomalia do campo magnético terrestre atualmente, segundo Ricardo Trindade. Monitorada por pesquisadores ao longo dos anos, sua existência remonta a pelo menos 500 anos, quando surgiu de forma reduzida na margem oeste da África, abrangendo áreas como Namíbia e África do Sul.

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“A gente tem algumas medidas que permitem dizer que essa anomalia magnética está por aí, andando, entre a África e a América do Sul há milhões de anos”, explicou o professor. “Então, é um fenômeno que faz parte dessa região do globo há muito tempo.”

A anomalia deslocou-se para o oeste ao longo dos anos, atravessando o Atlântico Sul e chegando ao Brasil por volta da década de 40, quando começou a aumentar sua superfície.

A origem dessa anomalia magnética está nos movimentos do núcleo interno líquido da Terra, composto principalmente de ferro, a aproximadamente 3 mil km de profundidade. Esse núcleo em movimento gera correntes de convecção que criam o campo magnético observado na superfície.

Geofísica e astronomia explicam o fenômeno

Ricardo Trindade mencionou que a existência da Amas se deve provavelmente a heterogeneidades em grandes profundidades na Terra. Concentra linhas de campo magnético em certas regiões, incluindo a Amas.

O professor afirmou que não há risco imediato para quem está na superfície. No entanto, em altitudes mais elevadas, como em voos intercontinentais ou estações espaciais, pode haver aumento na quantidade de partículas de radiação solar recebidas.

A radiação é mais significativa em órbita e diminui à medida em que se aproxima da superfície. O aumento da superfície da anomalia magnética pode afetar uma área maior, de maneira a causar problemas no funcionamento de satélites, mas não representa risco para equipamentos que utilizam georreferenciamento ou comunicação por satélite.