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Conheça a professora que foi presa por engano no Rio de Janeiro

“Olá, meu nome é Samara Araujo, tenho 23 anos e nesse canal você vai ver aulas e dicas de matemática, lápis de cor e coloridos, coisas de papelaria, materiais escolares, organização e estudos”, diz a descrição do canal no YouTube da professora, voltado para o ensino.

O último vídeo foi postado dia 20 de novembro, três dias antes de Samara ser presa, na escola em que leciona em Rio Bonito, no Rio de Janeiro, por um crime que aconteceu na Paraíba em 2010, quando ela tinha 10 anos. A professora, obviamente, não cometeu o crime.


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Através das redes sociais, Samara compartilha o dia a dia de sala de aula, momentos em família e fotos com o filho, de dois anos, e com o pai, Simario Araújo, de 48 anos.

Apesar de não morarem na mesma cidade, pai e filha mantêm contato diário, discutindo as aulas da pós-graduação e os progressos do neto, que recentemente começou a falar.

Simario conta que foi pego de surpresa com a notícia da prisão de Samara.“Fui surpreendido com uma ligação inesperada da minha ex-mulher avisando que a minha filha tinha sido presa dentro da escolinha em que dava aula. Ela não cometeu crime algum”, disse. “Minha filha é uma menina doce, estava se graduando em matemática. Não foi nem à formatura dela, no sábado passado, porque estava presa”, lamenta.

Samara e o pai, Simario Araújo. “Ter você ao meu lado eternamente é o maior desejo da minha vida”, publicou Samara.

Desde a prisão da filha, no último dia 23, Simario esteve em frente ao Instituto Penal Oscar Stevenson, dormindo no próprio carro, esperando por Samara. Foi apenas na manhã desta sexta-feira (1º/12) que a professora foi solta. Na quarta-feira (29/11), através de um advogado, o equívoco da Justiça da Paraíba foi comprovado.

“Verifico que merece prosperar a argumentação quanto à ocorrência de equívoco na exordial acusatória, na qual consta apenas a identificação por CPF, sem qualquer menção à data de nascimento da acusada”, diz o alvará de soltura , assinado pelo juiz substituto Rosio Lima de Melo, da 6ª Vara Mista da cidade de Sousa.

O crime

O crime pelo o qual Samara foi presa ocorreu há 13 anos em São Francisco, cidade no interior da Paraíba, contra um funcionário de um mercado local que funcionava como representante da Caixa Econômica Federal. O homem foi obrigado, depois de ser ameaçado de morte através de uma ligação, a fazer oito transferências, de R$ 1 mil cada, para sete contas diferentes.

Entre os donos das contas bancárias existe uma Samara de Araújo Lima Oliveira, também do Rio de Janeiro, assim como a professora. Entretanto, a informação de que a jovem era apenas uma criança na data do crime, sendo inimputável perante a lei e não sendo capaz de realizá-lo, não foi percebida pelo Ministério Público e a Justiça da Paraíba.

“Ela nunca pisou na Paraíba. Ela é uma inocente que foi julgada e culpada por um crime que alguém roubou os documentos dela, cometeu um crime quando ela ainda era criança, e a Justiça fez um procedimento totalmente errado. Então, certamente a gente vai expor isso, mas no momento certo”, disse Simario.

Atraso no Alvará

A Secretaria de Administração Penitenciária do Rio, ao tomar conhecimento sobre o ocorrido, tirou a jovem da cela que dividia com outras 13 detentas. Ela passou o dia dessa quinta-feira (30/11), na sala da direção à espera do alvará de soltura, que atrasou.

O pai aguardou ansioso do lado de fora, chegando a pagar R$ 200 a uma advogada na esperança de entregar um bilhete reconfortante à filha. Ele expressou a angústia pela situação de Samara, uma jovem tímida e sensível, separada do filho.

Em nota enviada ao Metrópoles, o Ministério Público da Paraíba informou que, desde a notificação do caso, na terça-feira (28/11), manifestou-se a favor da revogação da prisão preventiva e do alvará de soltura.

Leia a íntegra da nota:

“O Ministério Público da Paraíba, tão logo cientificado dos fatos, manifestou-se, na última terça-feira (28/11), nos autos do Processo 0800924-69.2022.8.15.0371 favoravelmente ao pleito apresentado pela defesa técnica, pela revogação da prisão preventiva e pela expedição de alvará de soltura de Samara de Araújo Oliveira. Conforme verificado em outros processos, na época, um grupo criminoso do Rio de Janeiro se utilizou de dados de terceiros para movimentar quantias oriundas de extorsão. No caso, a jovem teve seu CPF citado em investigação policial que detectou o uso do documento na abertura de conta-corrente bancária”

O Metrópoles tentou contato com o Tribunal de Justiça da Paraíba, mas não obteve um retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

O Metrópoles também entrou contato com a professora e com a família dela, mas também não obteve respostas até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para manifestações.

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