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Chico Alencar: Calor insuportável

Os jornais e as TVs não param de noticiar a onda de calor que nos assola. A maior em décadas. O consumo de energia disparou por causa do uso do ar-condicionado.

A coisa está tão difícil que “O Globo” mostrou (edição do dia 15/11), que o trabalho remoto (home office) está dando lugar ao “ar da firma”: as pessoas estão retornando aos escritórios para usufruir do ar-condicionado das empresas e economizar na conta de luz pelo uso do aparelho em casa.

Sabemos que os extremos climáticos são consequência do uso ganancioso dos recursos naturais do planeta. Os alertas de cientistas e estudiosos do clima são dados há anos.

Mas o sistema diz não. As grandes empresas capitalistas tomam medidas paliativas ou, melhor dizendo, vão até onde as mudanças de consumo e manufatura, essenciais para conter o aumento da temperatura global, não afetem as margens de lucro.

O poder público tem a obrigação de se mexer. Mas o que vemos é o descaso dos governantes. Aqui em nossa cidade, não param de surgir denúncias de ônibus, escolas e hospitais sem ar-condicionado. Isso é inadmissível. Entra ano e sai ano e pouca coisa é feita.

É necessário que os governos federal, estaduais e municipais tomem medidas concretas imediatas e de longo prazo para começar a mudar a situação – o que não ocorrerá de uma hora para outra.

Enquanto governam de gabinetes refrigerados e abastecidos com copos de água gelada, do lado de fora quem mais sofre é a gente pobre e desprotegida, sujeita às intempéries do tempo sem qualquer amparo social que lhe dê o mínimo de conforto para enfrentar as adversidades.

Nós podemos tentar amenizar o sofrimento dessas pessoas. As mudanças começam, também, por nós mesmos: olhar o outro com empatia, substituir o excesso de individualismo por um pouco mais de solidariedade.

Os moradores em situação de rua, por exemplo, muitas vezes não têm sequer água para beber. Vai aqui uma sugestão simples: guarde as garrafinhas plásticas de líquidos que você consome (água, suco, água de côco, refrigerante), lave, encha de água filtrada, guarde na geladeira e, sempre que sair à rua, distribua para quem precisa.

Custa nada e faz bem ao coração.


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