Área abandonada na Praça da Cruz Vermelha aguarda projeto ‘Inca do Futuro’ há mais de 10 anos
Uma vasta área na Praça da Cruz Vermelha, no coração do Centro do Rio, delimitada pela Avenida Henrique Valadares e pelas Ruas Conselheiro Josino e Washington Luís, segue desocupada há mais de 10 anos. Este terreno, originalmente cedido pelo Estado à União, já foi ocupado por anos pelo Hospital Central do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (IASERJ), o qual foi demolido no final de 2012 para dar espaço ao projeto do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Na época, o plano envolvia a construção de um complexo de pesquisa, com um custo estimado em R$ 500 milhões, que centralizaria as atividades atualmente dispersas em 18 unidades do instituto na cidade. No entanto, mais de uma década se passou desde então a população local lamenta a ausência de progresso e o vasto espaço abandonado, que acaba gerando diversos transtornos. A insegurança, em particular, se tornou um problema que afeta a a região.
Com mais de 14 mil metros quadrados, essa área ocupa praticamente todo o quarteirão adjacente à sede do INCA. E após inúmeras reclamações, o terreno, que anteriormente estava apenas cercado por tapumes, finalmente foi murado. O matagal que havia tomado conta foi cortado, mas retornou a crescer. Os residentes locais relatam preocupações com a segurança e o aumento dos assaltos na região.
Um grande polo de venda de materiais de construção das Ruas Frei Caneca e General Caldwell, nas proximidades do terreno, sofreu um grande baque com os efeitos da crise econômica que assolou o Estado desde 2015. A pandemia também veio a contribuir com o esvaziamento da região, que tem uma quantidade enorme de lojas vazias, anteriormente ocupadas por pequenos e gigantes comerciantes do segmento.
Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO, o arquiteto e urbanista, professor da PUC-Rio, Roberto Anderson, expressou sua preocupação com o abandono: “Eu sinto muito que o governo do Sérgio Cabral tenha aceitado desvestir um santo para (não) vestir outro. A causa do Hospital do Câncer é nobre. Mas ali havia um hospital funcionando e hoje não há nada, só um terreno vazio. Essa ausência de atividade em quase toda a quadra degrada a vizinhança. As calçadas no entorno são intransitáveis, pela sujeira que se acumula naturalmente e por aquela deixada pela população de rua. É inacreditável que tanto tempo já tenha se passado sem uma solução.”
“Quando finalmente a extensão do hospital do câncer for edificada, será muito importante que o projeto da nova edificação considere a existência de sobrados e prédios pequenos da vizinhança, assim como a grande sinagoga, sem romper de forma abrupta essa escala.” complementou
Conhecido como o “INCA do Futuro” o projeto visa reunir todas as unidades de saúde e pesquisa do instituto, atualmente dispersas em prédios localizados em Vila Isabel, Santo Cristo e no Centro do Rio, em um único local. E desde o início, o objetivo era centralizar as áreas de pesquisa, assistência médica, ensino, prevenção, vigilância e detecção precoce do câncer.
Segundo uma reportagem do Jornal Extra, em 2015, o INCA que estava em fase de elaboração um edital de licitação para a contratação de uma empresa que daria continuidade às obras. Naquele mesmo ano, foi assinado um contrato emergencial com duração de 90 dias para escoramento do solo, a fim de evitar desmoronamentos. E apenas a fase de escoramento saiu do papel.
Enquanto as obras continuam no campo das ideias, os pacientes enfrentam a sobrecarga das unidades do INCA. A falta de vagas no instituto força os pacientes a se direcionarem para outras instituições, incluindo algumas que não são federais, complicando ainda mais a situação de saúde pública na cidade.
O destino do “Inca do Futuro” permanece incerto, enquanto a população carioca aguarda ansiosamente a concretização desse projeto.