Argentina escolhe hoje seu presidente, em eleição que pode mudar história do país
Internacional
O candidato liberal Javier Milei poderia se tornar presidente da Argentina já no primeiro turno, mas eleição é marcada por fortes incertezas
A Argentina vai escolher neste domingo, 22, seu presidente da República, em uma eleição que poderá decidir o rumo do país, entre mudanças na economia e continuidade política.
O surgimento da forte candidatura do liberal Javier Milei, que poderia se tornar presidente da Argentina já no primeiro turno, terremotaram o cenário político local.
O candidato do partido La Libertad Avanza está na frente das pesquisas de opinião, tendo conquistado os eleitores argentinos com seu discurso contra a “casta política“, prezando uma forte redução dos gastos públicos e a dolarização do país.
Saiba mais: Campanha de Javier Milei denuncia risco de fraude eleitoral na Argentina
“Milei tem um programa de governo para os próximos 50 anos. Vamos mudar o rumo da Argentina, acabar com a presença asfixiante do estado na economia e transformar de novo o país no mais próspero do mundo”, declarou á Oeste o candidato à deputado, Alberto “Bertie” Benegas Lynch, apontado como possível futuro ministro da Economia de Milei.
Javier Milei pode se tornar presidente da Argentina no primeiro turno
A eleição presidencial argentina ocorre no dia do 53º aniversário de Milei. O economista liberal, que já é deputado federal, procura consolidar a sua vantagem em 16 das 24 províncias, o que garantiria sua eleição já no primeiro turno.
Para isso, ele precisa superar a barreira dos 40% e obter 10 pontos à frente do segundo colocado.
Milei obteve 29,8% nas eleições prévias obrigatórias (PASO), realizadas no dia 13 de agosto. Ele precisaria obter 10 pontos a mais do que obteve naquela ocasião.
Caso não consiga, os argentinos voltarão às urnas no dia 19 de novembro.
Os outros candidatos para a presidência argentina estão atrás de Milei em termos de votos.
A campanha de Milei denunciou para a Justiça Eleitoral argentina o risco de fraudes nas urnas durante a eleição deste domingo.
O fiscal general eleitoral abriu um inquérito para apurar eventuais irregularidades, mas pediu que La Liberdad Avanza forneça provas de eventuais abusos.
Conheça os outros candidatos para a Casa Rosada
As pesquisas divulgadas pelos partidos políticos argentinos mostram uma leve vantagem de Milei sobre os outros candidatos para a Casa Rosada.
Entretanto, La Liberdad Avanza foi o único partido que não realizou pesquisas próprias por falta de recursos.
O possível segundo colocado na eleição, o ministro da Economia e candidato governista, Sergio Massa, tenta garantir mais um mandato para a coalizão peronista.
Massa foi o segundo candidato mais votado nas primárias (21%) a nível individual, mas sua coalizão, Unión por la Patria, (27,2%) ficou em terceiro lugar, atrás da coalizão de centro-direita Juntos por el Cambio (28%), da candidata Patricia Bullrich.
A campanha de Massa tentou nas últimas semanas a “estratégia do terror”, tentando aumentar o medo de parte da sociedade argentina de uma possível gestão liberal do estado.
Entretanto, a inflação de três dígitos e o dramático aumento da pobreza na Argentina durante o governo do presidente Alberto Fernández e da vice-Cristina Kirchner, são fatores que minam sua popularidade.
Na Argentina mais de 40% da população vive abaixo da linha de pobreza, recebendo vários benefícios sociais por parte do governo.
Por sua vez, Patricia Bullrich tentará manter pelo menos a manutenção dos governos das 10 províncias atualmente administradas pelo Juntos por el Cambio.
A candidata de centro-direita aposta em um discurso contra o crime, baseado em sua experiência como ministra da Segurança durante o governo do ex-presidente Maurício Macri.
Os outros dois candidatos, a da Frente de Esquerda, Myriam Bregman, e do ex-governador de Cordoba, Juan Schiaretti, do Hacemos por Nuestro País, completam a oferta eleitoral. Entretanto, eles obtiveram respectivamente 2,61% e 3,71% dos votos nas prévias.
Abstenção grande incógnita das eleições argentinas
Uma das variáveis que poderia definir a eleição na Argentina gira em torno da participação dos eleitores, que nas primárias marcou o nível mais baixo desde o retorno da democracia.
Em agosto, votaram menos 10 milhões do que o total de 35 milhões elegíveis no registo. A abstenção foi de 69%.
As eleições deste domingo definirão também os equilíbrios de poder no Congresso Nacional.
Serão renovados um terço do Senado (28 senadores de 8 províncias) e metade da Câmara dos Deputados (130 deputados). Além disso, serão eleitos 19 parlamentares do Mercosul (Parlasul), para o distrito nacional, e um para cada jurisdição argentina.
Com informações da Revista Oeste.