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As forças que dominam o Brasil e travam o governo 

Apesar do cenário delirante de uma taxa Selic absurdamente alta de 13,75%, que onera o crédito ao consumidor e a tomada de recursos para capital de giro das pequenas empresas, as projeções de crescimento econômico para 2023/24 melhoram. 

Os motivos seriam a safra de 320 milhões de toneladas, exportações favoráveis gerando dólares, aprovação de nova regra fiscal mais suave, mudança na percepção das agências de risco, inflação no atacado negativa, apesar do governo desorganizado politicamente e sem estratégia.

Os rentistas que especulam com os títulos da volumosa dívida pública nacional, baseados em seus conceitos pretensamente científicos nos alertam que esses juros altos e sua despesa absurda no orçamento público federal tem a missão de ajudar o governo “perdulário” a vender seus títulos e nos preservar do pior dos cenários. 

Entretanto, escondem o outro lado da moeda, ou seja, que essa situação trava investimentos produtivos, geração de empregos novos, consumo das famílias endividadas e receita fiscal, entre outras coisas.

A subordinação do Estado à lógica do capital especulativo (via captura da dívida pública) é uma realidade de alcance mundial e envolve o núcleo central do sistema agindo com uma soma incalculável de capital fictício (5 vezes maior que o produto real), em busca de direitos de apropriação de uma futura riqueza, a ser produzida em escala global pela força de trabalho remunerada de forma cada vez mais precária.

Não esqueçamos que esse fenômeno veio junto da desregulamentação dos fluxos financeiros, cujo resultado na periferia (Brasil) foi a promoção de regressão econômica, social e ecológica.

O novo governo, na verdade uma frente popular com elementos que representam desde o latifúndio exportador, até os representantes das comunidades dos povos originários, parece emparedado em muitas frentes. A mais visível é o rentismo – sócio do fundo público provedor de juros absurdamente suculentos, que tomam metade da soma total.

Em segundo lugar, o parlamento brasileiro é totalmente controlado pela direita mais conservadora. Apenas a frente parlamentar ruralista conta hoje com 300 deputados e 47 senadores (58% nas duas casas). A frente parlamentar evangélica é formada por 132 deputados e 14 senadores e a chamada “bancada da bala” – constituída por delegados da Polícia Civil, militares das forças armadas e policiais militares – conseguiu 259 assinaturas para a sua formalização na Câmara. Neste ambiente, qualquer medida que favoreça minimamente os trabalhadores e o ambientalismo encontrarão tenaz resistência.

Também desafiador é o ambiente econômico externo de desaceleração cíclica, mediante altas sucessivas das taxas de juros praticadas nos países do G7, aqueles que comandam a moeda, o crédito, instituições como o FMI, a geração de novas tecnologias, a oferta de bens de capital e o fluxo ideológico das ideias dominantes. 

Para uma sociedade com 30 milhões de pessoas na extrema pobreza e uma juventude desempregada, não há muito o que esperar senão se organizar e lutar!

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