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Conflito na Rússia: O motim do exército da empresa Wagner foi um fato ou teatro? 

Os analistas de geopolítica não entenderam nada, assim como o Ocidente entrou em transe sem saber o que de fato ocorria, quando a empresa militar privada Wagner, liderada pelo magnata Evgeny Prigozhin, lançou uma insurreição na Rússia, com início na noite de sexta-feira (23), com duração até este sábado (24).

Foram apenas 12 horas de motim, sem registro de vítimas ou maiores incidentes. O resultado mais notório que passou despercebido da cobertura midiática, foi a movimentação de um contingente das tropas da empresa privada, que saíram da região sul da Rússia e se deslocaram para Belarus, se posicionando a cerca de 100 quilômetros de Kiev, capital da Ucrânia, o que pode sinalizar que as 12 horas de motim não passaram de uma cortina de fumaça. 

O que está posto pela mídia é que os soldados armados da empresa privada conseguiram tomar um quartel-general do Exército no sul do país, sem a menor resistência. 

No entanto, eles não teriam conseguido reunir outras unidades e acabaram abortando seu avanço em direção a Moscou depois que um acordo foi alcançado com as autoridades. O acordo, que inclui uma anistia para Prigozhin, foi mediado pelo líder bielorrusso, Aleksandr Lukashenko.

Não há conclusão sobre o que de fato ocorreu. Sobram especulações. Mas o episódio deixa algumas evidências: o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem apoio popular, da cúpula militar e dos demais integrantes do governo. Todos demonstraram lealdade, assim como importantes aliados externos. Foi o do presidente da Turquia, Recep Erdogan, que manifestou solidariedade ao governo russo. O ambiente favorece a uma maior concentração de poder. 

Confira quatro tópicos que contextualizam os acontecimentos e explicam o papel da empresa Wagner nos conflitos envolvendo a Rússia, além dos episódios mais recentes. 

1 – Aliança e conflitos 

A empresa militar privada Wagner Group foi fundada pelo magnata da restauração Evgeny Prigozhin. Os membros do grupo (cerca de 40 mil soldados) lutaram ao lado de tropas russas regulares e se destacaram na sangrenta batalha pela cidade de Artyomovsk, em Donbass, conhecida pelos ucranianos como Bakhmut.

Prigozhin é um crítico vocal da cúpula militar do país. Ele acusou publicamente o ministro da Defesa, Sergey Shoigu, e o general Valery Gerasimov, chefe do Estado-Maior, de má gestão da operação militar na Ucrânia. Prigozhin também se recusou a assinar um contrato oficial com o Ministério da Defesa russo.

2 – O ensaio da “marcha sobre Moscou”

Na noite de sexta-feira (23), Prigozhin acusou os militares russos de atacarem os campos de campo de Wagner. O ministério rapidamente rejeitou sua alegação como “provocação informativa”. No entanto, Prigozhin anunciou que suas forças estavam iniciando uma “marcha por justiça” com um plano para chegar a Moscou.

Na madrugada de sábado (24), um comboio blindado Wagner, que incluía tanques, entrou na cidade de Rostov-on-Don, no sul do país. Na cidade, membros de Wagner assumiram o controle da sede do Distrito Militar Sul sem lutar. Vários tiros foram ouvidos em Rostov no final do dia, mas nenhuma vítima foi registrada.

3 – Putin condena revolta

Pouco depois de Prigozhin declarar sua “marcha”, o Serviço Federal de Segurança acusou o chefe de Wagner de incitar uma rebelião armada e abriu um processo criminal contra ele. Em um discurso em vídeo na manhã de sábado, o presidente Vladimir Putin disse que as ações de Wagner equivalem a traição, descrevendo-as como a “facada nas costas de nosso país e nosso povo”. Ele pediu união e afirmou que todas as medidas necessárias estão sendo tomadas para restabelecer a ordem.

Enquanto isso, medidas antiterroristas foram decretadas em Moscou e na região circundante de Moscou. Todos os eventos públicos foram cancelados em várias cidades, e o tráfego ao longo das principais rodovias que levam a Moscou foi suspenso.

O esforço de Prigozhin não conseguiu atrair o apoio de outras unidades militares. Pelo contrário, vários comandantes e oficiais de alto escalão pediram a Wagner para depor as armas.

4 – O recuo após acordo 

No sábado à noite, o presidente bielorrusso, Aleksandr Lukashenko, que conversou com Prigozhin em nome de Putin, disse que o chefe da Wagner concordou em encerrar sua tentativa de insurreição em troca de garantias de segurança. Prigozhin afirmou horas depois que os comboios Wagner estavam interrompendo seu avanço em direção a Moscou e retornando às suas bases.

Depois de algum tempo, as autoridades regionais confirmaram que os combatentes Wagner haviam deixado Rostov-on-Don.

O Kremlin disse que, para evitar derramamento de sangue, o caso contra Prigozhin seria arquivado e que ele “partiria para Belarus”. O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, acrescentou que os membros da Wagner não serão processados devido às “suas conquistas na linha de frente” na Ucrânia.

Com informações da RT e edição da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Diário da Guanabara, o melhor site de notícias do Rio de Janeiro.

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