NotíciasRio de Janeiro

Lojas Americanas: Fraude é motivada por impunidade, diz economista

Ouvido no âmbito da primeira audiência pública da CPI das Americanas, o economista e presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, afirmou que as fraudes sucessivas no mercado de capitais brasileiro decorrem da certeza de impunidade dos infratores. 

O economista destacou que além de regras de governança corporativa, a comissão deve sugerir normas para punir de forma severa esse tipo de crime.

Valporto ressaltou que a função do mercado de ações é financiar a atividade econômica de forma mais barata, uma vez que possibilita ao investidor emprestar dinheiro diretamente para a empresa, sem intermediação de bancos. Dessa forma, conforme argumenta, fraudes causam prejuízo incalculável ao País, porque afastam os investidores.

“Eu vejo a CPI como uma oportunidade de utilizar essa fraude para mudar esse quadro de forma definitiva, para que o Brasil venha a ter um mercado de capitais que exerça a sua função econômica”, afirmou.

“Evidências de fraude”

Segundo o presidente da associação de investidores, há “evidências muito claras” de que o problema financeiro da Americanas decorre de fraude. Uma dessas evidências seria a discrepância entre a evolução da dívida com fornecedores e dos ativos em estoque da empresa.

De acordo com Valporto, “não precisava ser grande especialista em contabilidade” para ver que havia alguma coisa errada em um balanço em que a dívida com fornecedores cai em quase R$ 4 bilhões, enquanto os estoques aumentam em quase R$ 1 bilhão.

Valporto ainda sustentou que o comportamento de bancos credores da Americanas “levantou suspeita e causou estranheza”. Segundo afirmou, as operações da empresa ficam registradas no sistema de informações de crédito do Banco Central, que é aberto a consulta das instituições bancárias. Nessas operações não estavam contabilizados os empréstimos que os próprios bancos fizeram à Americanas, e gestores bancários não teriam percebido as inconsistências.

Relator da comissão, o deputado Carlos Chiodini (MDB-SC) destacou que faz parte das atribuições do colegiado descobrir as responsabilidades pelo “rombo bilionário” na Americanas.

“A grande dúvida é que, dentro de uma estrutura organizacional, de um grupo empresarial como a Americanas, a quem nós podemos atribuir as falhas de governança corporativa que culminaram nesse rombo bilionário: somente a um ator ou a vários tantos de uma forma ou outra envolvidos? Quem poderia ou deveria ter tempestivamente descoberto essas inconsistências nos demonstrativos contábeis e tornado público esse fato?”, questionou.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores (CUT), Julimar Roberto, informou à comissão que as federações e confederações trabalhistas entraram com ação na Justiça para que os principais credores da Americanas – Paulo Lehmann, Beto Sicupira e Marcel Teles – sejam responsáveis pelo pagamento de direitos trabalhistas, caso o patrimônio da empresa não seja suficiente para cobrir a despesa.

As ações também pedem o bloqueio de R$ 1,5 bilhão da Americanas e dos três acionistas majoritários para processos trabalhistas dos empregados já demitidos, informou o representante da CUT. Julimar Roberto relatou que a empresa assinou um acordo junto ao Ministério Público para que não haja demissões em massa e que, caso alguns trabalhadores sejam dispensados, as decisões sejam homologadas em sindicato. Até o momento, de acordo com o sindicalista, a empresa cumpre o acordado.

Com informações  da D+ NEWS TV e edição da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Diário da Guanabara, o melhor site de notícias do Rio de Janeiro.

SIGA O DIÁRIO DA GUANABARA NO TELEGRAM

SIGA O DIÁRIO DA GUANABARA NO INSTAGRAM

source

Compartilhe:
WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com