78,5% das famílias brasileiras estão endividadas, diz estudo da CNC
O número de famílias brasileiras endividadas cresceu no mês passado. A nova Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), registra aumento de 0,2% em junho no número de famílias que relataram ter dívidas a vencer.
O índice alcançou 78,5% das famílias brasileiras, maior volume da série histórica, iniciada em janeiro de 2010. Desse total, 18,5% das famílias se consideram muito endividadas.
A alta da proporção de endividados interrompe a sequência de quatro meses de estabilidade do indicador.
Em contrapartida, a parcela média da renda comprometida com dívidas alcançou aproximadamente 30%, o menor percentual desde setembro de 2020.
A economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, explica que a queda da inflação e o mercado de trabalho foram os responsáveis por essa melhoria da pressão das dívidas na renda, principalmente das classes média e baixa.
No entanto, de acordo com a pesquisadora, esse cenário positivo não tem sido suficiente para reduzir a inadimplência.
O endividamento cresceu em todas as faixas de renda pesquisadas, mas o aumento na proporção de endividados foi maior entre os consumidores com renda de 5 a 10 salários.
Do total de consumidores com dívidas atrasadas, 4 em cada 10 entraram em junho sem condições de pagar os compromissos de meses anteriores, maior proporção desde agosto de 2021.
Em entrevista ao programa Direto da Redação nesta quarta-feira (12), o economista Ranulfo Vidigal destacou o que define como bom endividamento e dívidas não recomendáveis. No primeiro tópico ele inclui os financiamento hipotecários pela Caixa Econômica Federal (CEF), para compra da casa própria, que são financiadas com juros baixos e de longo prazo.
Já como endividamento não recomendável ele cita o cartão de crédito, que tem juros no Brasil que chegam a mais de 400% ao ano. Ele admite que esta modalidade de dívidas atinge a maioria das famílias que estão na estatística da CNC.
As regiões Sul e a Sudeste foram as que tiveram maior número de famílias endividadas. A população de Minas Gerais é a mais endividada entre os estados. São 94,9% do total. Na sequência, ficaram o Paraná, com 94,7%; e o Rio Grande do Sul, com 93,9%. Mato Grosso do Sul teve o menor índice de endividamento do país (59,1%), seguido por Pará (62%) e Piauí (65%).
Em todas as faixas de renda pesquisadas, o volume de endividados aumentou no semestre, o que indica “tendência de alta na segunda metade do ano”. Na comparação com o mesmo período do ano passado, o maior crescimento na proporção de endividados ficou com os consumidores com renda mensal de 5 a 10 salários (2,1 pontos percentuais).
*Da EBC com edição e reportagens da D+ NEWS TV. Compartilhe esta reportagem do Diário da Guanabara, o melhor site de notícias do Rio de Janeiro.